terça-feira, 30 de julho de 2013

Doris Giesse: "Cair do oitavo andar não mudou em nada a minha vida"


Aos 53 anos, a apresentadora do "Fantástico" nos anos 1990 ensaia sua volta à televisão e relembra sua fase polêmica, o período de dona de casa e a queda de 25 metros na tentativa de salvar seu gatinho

Vinícius Ferreira , iG Gente |REPRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO 
Doris Giesse. Foto: André Giorgi
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DIVULGACAO/REPRODUÇÃO
Doris Giesse como a sedutora e futurística Dorfe, de 'Dores Para Maiores'
Os cabelos curtos e platinados continuam os mesmos, 20 anos depois de Doris Giesse ter abandonado a bancada do “Fantástico” e o corpo da androide Dorfe, do programa “Doris para Maiores”. A boa forma lapidada com os anos de balé clássico é mantida atualmente, aos 53 anos, com aulas de dança de todos os ritmos e tribos via Youtube. É também no passado que a apresentadora busca seu futuro: quer voltar para a TV. Longe dela desde 1998, quando ancorou o “Fala Brasil”, na Record, Doris conta que é a hora de realizar seus próprios desejos. No longo período sabático, dedicou-se à família. Primeiro aos filhos, Débora e Daniel , casal de gêmeos de 16 anos, por livre e espontânea vontade. Depois voltou sua atenção aos sogros e pais idosos e doentes. “Fui brincar de casinha e agora voltei”, simplifica. “Eu não tinha sábado, domingo, férias, nada, mas foi nesse período que eu descobri outras coisas dentro de mim. E quando tudo isso acaba e você tem que retomar sua vida de onde parou, é tudo mais fácil, mais leve.”
Não era o meu negócio ficar ali (no jornalismo), com todo mundo me falando para eu não ficar me mexendo, não ficar fazendo caras e bocas. Saí (da Globo) para ir para lugar nenhum. Eu não estava sendo verdadeira no ‘Fantástico’, aquela não era eu.”
No meio do caminho, um susto. Em 2007, a apresentadora caiu da janela do oitavo andar de seu apartamento em São Paulo quando tentava tirar um de seus gatos da rede de proteção. E mais uma vez rebate os rumores de que o acidente teria sido uma tentativa de suicídio. “Já tive outros momentos mais punks na minha vida para querer me matar e posso garantir que esse não foi um deles.”
Doris também ganhou notoriedade por outras polêmicas, em 1992, ao posar nua ao lado de modelos negros também sem roupa e, dois anos mais tarde, quando a entrevista que deveria dar ao jornalista Alex Solnik para a revista “Sexy/ Interview” virou um relato detalhado, em primeira pessoa, da primeira noite de amor dele com sua então futura mulher. A apresentadora diz que está pronta para voltar à fama. Mas não atrás de uma bancada. Ela quer fazer humor, como em “Doris Para Maiores”, embrião do “Casseta & Planeta”, ou dedicar-se a um programa sobre cultura. Nessa retomada, não descarta a possibilidade de um novo ensaio nu. "Por vaidade não, mas se eu precisasse, ou se tivesse uma proposta artística muito boa, talvez. Esteticamente estou bem e não tenho vergonha nenhuma. Desde muito menina sempre fiquei pelada. Já fui modelo de alunos de pintura, fiz inúmeros trabalhos de modelo. Então ficar nua não é nenhum problema.”
André Giorgi
Doris Giesse

Saída da Globo
O ensaio nu para a “Sexy” ao lado de modelos negros também sem roupa, garante ela, não tem relação com a sua saída da Globo, que aconteceu no mesmo ano. “O Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, ex-diretor geral da emissora) até foi ao lançamento da revista”, conta. “Eu estava fazendo ‘Doris para Maiores ‘ e o ‘Fantástico’ ao mesmo tempo. Era época da campanha (presidencial) do Lula e do Collor e estava atrapalhando eu aparecer séria no ‘Fantástico’ e depois rolando no chão no ‘Doris para Maiores’. Tive que sair do ‘Doris’. Como meu maior prazer estava no humorístico, esperei meu contrato acabar, pedi que não renovassem e saí. Não era o meu negócio ficar ali (no jornalismo), com todo mundo me falando para eu não ficar me mexendo, não ficar fazendo caras e bocas. Saí para ir para lugar nenhum. Eu não estava sendo verdadeira no ‘Fantástico’, aquela não era eu.”
A apresentadora diz que não se arrepende de ter deixado a TV e nem o alto salário. “Ganhei bastante dinheiro com publicidade, mas nunca liguei para o material. Sou bem básica, nunca me deslumbrei com dinheiro, nem cachê, muito menos cargos que alcancei na Globo”, garante. “Nada que foge do prazer artístico vai me prender em algum lugar. Se eu não puder criar, volto para casa e cuido do meu jardim, do cachorro, dos meus filhos e só. Eu não vou ficar perdendo tempo copiando e lendo um papel no ar.”
As pessoas falaram muito em suicídio, mas se eu quisesse mesmo me matar não teria feito todo esse procedimento para não me machucar (na queda). Já tive outros momentos mais punks na minha vida para querer me matar, e posso te garantir que esse não foi um deles”
“Depressão é uma coisa que todo mundo tem”
Longe dos holofotes, Doris ganhou os noticiários em dois momentos. Em 2002, ao assumir em rede nacional que passava por um processo de depressão. Mas hoje ela volta atrás e afirma que não foi nada tão sério quanto imaginava. “Depressão é uma coisa que todo mundo tem. Se eu for analisar isso, tenho fases de tudo, de depressão, de esquizofrenia... Foi só uma fase em que alguém teve a felicidade de me pegar em um momento franco de dizer isso. Passou, não foi um quadro que durou ou que me fez procurar ajuda. Não tenho tendência para ser depressiva, sou na verdade uma bela palhaça.”
Queda do oitavo andar
O segundo momento e mais dramático foi em 2007, quando caiu do oitavo andar de seu apartamento em São Paulo na tentava tirar seu gato da rede de proteção. “Caímos juntos, eu e o Triguinho no colo. Na minha cabeça, eu sabia que não ia morrer. A única coisa que me lembro foi do pensamento de bailarina que tive na hora. Eu estava encolhida, feito uma bolinha, com o gato preso nos braços e sabia que tinha que cair e rolar para não me machucar. Tanto que caí do oitavo andar, só quebrei o cotovelo e não morri.” E rebate as especulações de que queria tirar a própria vida. “As pessoas falaram muito em suicídio, mas se eu quisesse mesmo me matar não teria feito todo esse procedimento para não me machucar. Já tive outros momentos mais punks na minha vida para querer me matar, e posso te garantir que esse não foi um deles”. Doris surpreende ao dizer que a queda livre de cerca de 25 metros não mudou nada sua vida. “Cair do oitavo andar não mudou em nada, foi como se eu tivesse sofrido um acidente de carro.”
DIVULGACAO/REPRODUÇÃO
Doris Giesse ao lado dos filhos, Débora e Daniel, e do marido Alex Solnik
Noite de amor pública
Doris também marcou a geração dos anos 1990 com ousadia e declarações provocativas como a deu para uma revista: “Adoro ser arranhada, mordida, ficar com o corpo cheio de marcas”. E hoje revê seu ponto de vista. “Não gosto mais tanto de mordidas. Na verdade, depois dos cinquenta anos, essa coisa de sexo não é mais como antigamente, não tem tanta intensidade, fica mais na conversa, na amizade.”
O primeiro encontro com o marido, o jornalista Alex Solnik, em 1994, não ficou apenas na memória. A entrevista que deveria dar ao repórter, de quem já era conhecida, para a revista “Sexy/ Interview” virou um relato público da primeira transa deles. “Foi uma coisa que chocou muito na época por mostrar um lado meu que as pessoas não conheciam. Mas as pessoas quebraram a perna, porque esse escândalo é uma família hoje, feliz e com filhos. Que escândalo, né? O que eu publiquei naquela revista foi minha lua de mel que está dando certo até hoje”, diverte-se.

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